Certamente houveram situações nas quais se viram incrédulos com vosso próprio comportamento de um ou dois anos atrás, não conseguindo se imaginar repetindo tais peripécias, se é que uma palavra tão enfeitada cabe numa frase tão sem sal quanto essa; enfim, ao perceber as mudanças que ocorreram, passamos a estar mais alertas às diferenças, fazendo assim com que as mesmas se tornem ainda maiores. Talvez ainda mais importante do que mudar seja perceber a mudança acontecendo e aprender com o processo em si, ao invés de ater-se aos objetivos finais. Entre músicos, diz-se que aprender um instrumento da maneira "errada" é quase como ter que aprender a tocar duas vezes, quando se tenta apagar os vícios que o aprendizado errôneo gerou.
Quem sabe o mesmo seja válido para nós, humanos: ao ter como foco os fins, estruturamos, com meios inconsistentes, toda uma fundação falha para suportar tal mudança, podendo assim resultar numa conclusão confusa ou falha, também, da forma como no aprendizado de instrumentos, dando muito mais trabalho do que se fosse cuidado dos meios, aprendendo com eles e através deles. Talvez o fim não seja linear e exato, e sim uma coisa difusa e espalhado por todo o processo da infindável mescla de experiências de uma fábrica de opiniões.
Dedicado à pessoas que encontramos ao longo da metamorfose de nós mesmos, que nos reconhecem e tratam como bons amigos, mesmo tendo só uma tênue visão de nossa inconstante e interessante vida. Esse texto foi escrito por causa de vocês, para vocês e, porque não, por vocês. Que vossa fábrica produza artefatos tão ricos quando vosso diálogo!